domingo, 21 de outubro de 2012

Liberdade de expressão ou força da pressão, mas a serviço de quem?


-->Recentemente algumas universidades permaneceram em greve por quase 4 meses. Excessivo no tempo e contraditório no discurso. Na Universidade Federal do Rio Grande - FURG a decisão de entrar no movimento deu-se precocemente numa assembleia que provavelmente não representava 10% da categoria. Apesar disso, os demais professores, distribuídos em unidades acadêmicas autônomas acataram a decisão dessa assembleia. Dias, semanas e meses passaram-se, e o sindicato que representa (?) a maioria dos docentes mostrou-se, mais uma vez, inábil para negociar, desde que, obviamente, se entenda negociação como um ato bilateral de avançar e recuar para chegar a um acordo. No dia 29/08  a Faculdade de Medicina da FURG decidiu, democraticamente, sair do movimento. Tomamos esta decisão por entender que havíamos chegado ao limite, os prejuízos foram desde o comprometimento de estágios curriculares até ao atendimento do hospital universitário, passando pela difícil situação dos estudantes que alugam casas por temporada e que as terão que devolve-las no início do verão. Enquanto isto, vergonhosamente, recebemos nosso salário, embora muitos de nós nunca mais tenhamos ido a universidade depois de deflagrada a greve. Somaram-se, além disso, algumas dúvidas sobre a direção do movimento. Será que a proposta de uma carreira única (docentes de universidades e ensino fundamental/secundário federal), defendida pelo ANDES, é realmente a melhor alternativa? O que está por trás da resistência sistemática à mensuração de produtividade? Quais os reais objetivos da oposição, sistemática, à progressão da carreira através do mérito e da titulação? Algumas destas posições defendidas, de forma radical, pelo nosso sindicato soam como um espúrio compromisso com a mediocridade corporativa, em nada compatível com a essência da vida acadêmica Por certo, gostaríamos de ter saído da greve acompanhados pelos demais docentes, o que seria muito provável caso fosse feito um plebiscito eletrônico. Mas é claro, isto não é interessante para os dirigentes grevistas, que preferem outras formas de “democracia”. Primeiro porque alegando, equivocadamente, ser a assembleia o único espaço legítimo de manifestação, omitem que a maioria dos docentes lá não comparecem devido a pouca disponibilidade de tempo e paciência, para ouvir os repetidos, arcaicos, e não raras vezes desfocados discursos, que misturam Síria, Paraguai e bancos internacionais com a carreira docente. A segunda razão provável pela qual os nossos dirigentes sindicais são tão refratários a consulta de opinião eletrônica é que neste caso eles perderiam a arena onde costumam linchar as opiniões contrárias, desprezando todo e qualquer pensamento que se oponha a ideologia única por eles estabelecida. Isto precisa mudar.